domingo, 31 de maio de 2015

Só viver não basta? Ou, a memória das meias.

Outro dia, um pouquinho do frio deste começo de inverno ameaçou me incomodar. Mexi, remexi minhas gavetas e dei com um par de meias 3/4 de algodão marrom. Nossa, foi como alcançar um ponto perdido da memória e num flash retornei a 1998, quando comprei as ditas meias. Velhinhas, mas de boa qualidade.
Escolhi com cuidado meias longas e de cor escura para preparar-me para uma viaje à Europa. Precisava proteger-me do frio, mas precisava mais garantir não usar meias encardidas. Comprei outras, pretas, que não aguentaram tanto. Nos anos seguintes, levei-as para outros lugares, não tão "tops", mas não menos legais.
As lembranças são maravilhosas, mas a sensação do tempo que já passou, desde o dia em que eu escolhi aquelas meias é que me impactou.  17 anos que passaram num flash. E o que eu estava fazendo nesse tempo, só vivendo?
E viver não basta?
Estou quase achando que minha vida está passando rápido demais. A minha adolescência passei jogando handebol e, através do esporte, viajando. Minha primeira juventude (inventei agora o termo, será que pega?) passei entre a delícia de iniciar na faculdade, na profissão de professora e a vertigem de viajar muito pelo Brasil, Europa e América Latina. Minha segunda juventude (porque eu ainda me sinto jovem) estou vivendo na tranquilidade de uma profissão estável, de um casamento amoroso e na loucura que é gerar e criar três filhos. Não viajo tanto, porque a família é grande, mas o caminho não é nem um pouco monótono.
Isso é viver.  E o melhor da vida é carregar e produzir lembranças próprias e também nos outros. Fico pensando em quantas lembranças devo viver? Nossa vida não é única, ela se multiplica durante o tempo em que compartilhamos nossa existência com outras pessoas. quantas pessoas vivem e existem nas minhas lembranças? Quantas pessoas compartilharam momentos importante da minha vida e agora nem lembro mais do seus nomes? Quantas pessoas recordam momentos que viveram comigo e desejam me rever?
Viver é uma coisa louca, impossível de dimensionar, impossível de definir.
Minha vida transborda e sempre irá transbordar, porque eu não vivo para menos. E vivo e minha vida me basta. Acho que isso é felicidade. Então, eu sou feliz. Acabei de definir.
O resto não existe.

sábado, 30 de maio de 2015

QUEM TEM MEDO DO PROFESSOR?

Tenho lido as postagens sobre o projeto de lei "Escola sem partido", do deputado estadual Marcel van Hattem e estou tentando entender no que esta lei fará diferença na educação e quais objetivos podem estar por traz dela. Muitos, com certeza.
Na página do Facebook deste deputado, encontro uma postagem que faz referência a uma matéria no Jornal do Almoço e diz em letras garrafais: PROFESSORA COMUNISTA CHAMA ESCOLA SEM PARTIDO DE MORDAÇA. Será que o adjetivo comunista tem o objetivo de depreciar a professora?
Em seguida diz que a tal professora é filiada no PCdoB e dirigente do CEPERS. Outra pessoa criticada é o petista do SIMPRO também é contra o projeto. A filiação partidária dos professores é exposta para dar a entender que estes professores querem mesmo fazer doutrinação partidária ou ideológica nas salas de aula. Mas o senhor Marcel van Hattem não tem exposto seu partido na capa da página do Facebook para, talvez, nos dar a entender que não tem partido, tipo o meu partido é o Brasil. Não, o partido dele é o PP, que encontro em letra miúdas, Como se chama quem é do PP? Pepista?
A ideia toda dá a entender que quem é contra o projeto, é a favor da doutrinação. EU SOU CONTRA o projeto, mas não sou a favor de doutrinação nenhuma. Mas, penso que quem ocupa seu tempo para elaborar, defender e discutir um projeto destes não sabe mesmo dos reais problemas de educação neste país. Acredito que episódios que poderiam ser chamados de doutrinação acontecem em algumas escolas e com alguns professores, em diferentes momentos e por diferentes ideologias, esquerda, direita, religiosas, mas não são o corrente nas salas de aula.
O corrente nas salas de aula deste país, senhor pepista ou progressista Marcelo van Hattem, são professores desvalorizados por salários baixos e falta de estímulo para continuar na profissão; são salas de aula precárias, com goteiras, ou muito quentes, ou muito frias, ou muito pequenas, ou muito úmidas; são escolas que precisam ficar o tempo todo ajustando seus projetos pedagógicos porque entra e sai partido do governo e cada um tem um projeto mais mirabolante que o outro. Como este que o senhor tenta emplacar...
Eu pergunto para quê? O senhor também tem medo de que uma horda de comunistas invada o Brasil? Ou também acha que os professores massacrados no Paraná eram comunistas e o governo psdebista não teve outra alternativa senão "baixar o cacete"?
Sei lá. Depois deste projeto que quer que em cada sala de aula seja afixado um cartaz, com o título DEVERES DO PROFESSOR e todos os artigos desta lei, acho que baixou o nível total de respeito ao professor. Cada vez o professor tem mais deveres e a sociedade toda, inclusive este deputado, faz de conta que não vê a dificuldade que temos em " simplesmente" dar aula. Com esta lei, afixada nas nossas costas temos que dar aula, tomar cuidado em tudo o que vamos dizer, pois qualquer um agora  pode interpretar de qualquer jeito o que foi dito, sem contexto nenhum e nos aplicar OS RIGORES DA LEI.
Minha indignação é tanta que os leitores podem imaginar sozinhos o que nos resta depois desta lei. Talvez, seja melhor acabar com a profissão professor e fazer um monte de vídeo aulas para os alunos aprenderem em casa de acordo com a "ideologia" da família. Chega de escola, porque nela só trabalham "doutrinadores", não professores.
Quem sabe, se no lugar de ocupar seu tempo com essa "escola sem partido" não desenvolva um projeto que permita às escolas serem realmente um lugar de democracia, que possam decidir com a comunidade escolar seus projetos de ensino, com conselhos escolares fortes e participativos, sem ter que fazer o que o governo de um partido ou de outro partido inventou. Por que o senhor não coloca seu mandato em favor da escola pública, e incentive os pais a participarem das reuniões escolares, a participarem dos conselhos e assembleias escolares, a decidirem em conjunto os rumos da escola dos seus filhos? Desse jeito, se houver algum "professor doutrinador", a comunidade escolar legitimada pela participação nas decisões da escola, dará conta dele.
Ou essa ideia de democracia é muito "esquerdista" para o senhor deputado  do PP?



domingo, 17 de maio de 2015

Como ser chique na padaria!

Veja bem, eu, na padaria, na fila, esperando para comprar uns "cacetinhos". Na minha frente um bocado de pães integrais de todos os tamanhos. Chega um rapaz, bonitão, pega dois pães, olha e e pergunta para alguém que eu ainda não vejo: "Quinoa ou Chia?". A mulher, que agora eu vejo, responde alguma coisa. Ela junta-se a ele na fila e escolhe uns risoles. Não vou entrar no mérito de falar se o casal parecia ou não seguir dieta, mas na questão das dietas.
Ao mesmo tempo em que a indústria das dietas e das comidas mais se esforça em encontrar cada grão plantado em algum local ermo do planeta ( Você sabe da onde vem a quinoa ou a chia?) e globalizá-los, mais eu tenho vontade de comer enlatados, embutidos ou congelados. Parece que eu fico mais próxima de um pão de hamburguer do que do trigo sarraceno.
Com tantos nomes diferentes, escolher comida saudável virou um suplício. Parece que quanto mais desconhecido, mais eficaz, veja o goji berry. Você conhece?
Não sei qual a diferença de um pão feito com quinoa de um pão feito com chia. Mas que fica "chique" encher o carrinho com coisas feitas com nomes diferentes, ah isso fica. Se a gente como tudo misturado com risoles, ninguém vê né!? Não interessa mais ser saudável, mas parecer ser.
E eu sai com uns cacetinhos e uma rosca de polvilho... Sem nenhum glamour.