domingo, 7 de setembro de 2008

Quando escrevo...

Já faz tempo que não escrevo aqui. Não porque eu esteja triste, ou porque não tenha tempo. Não estou escrevendo porque estou bem. Ou aparentemente bem.
Percebi que a escrita flui melhor quando estou transtornada, de raiva, de tristeza, de felicidade. Quando estou mexida, mas estar sempre assim, também estressa. Então não escrevo.
Não sou nem um pouquinho disciplinada para escrever, acho que isso me falta. Poderia escrever todos os dias, mas não acontece. Por quê!? Acho que ainda falta me resolver... quanto a isso... acho que anda a caminho.

quando escrevo
outro mundo se desvenda
outro, ou o mesmo
de outra cor.

minhas palavras
primeiro pensamento
depois forma
me constroem

não sei viver sem palavras
em cada pedaço de mim
encontro uma definição
em cada palavra
algo de mim se vai
ou permanece

permeio este estranhamento
de idéias
permeio um universo a definir
a explicar com palavras
que conhecendo, me conhece também.

domingo, 24 de agosto de 2008

VIAGENS

Pode um barquinho de papel descendo a enxurrada ser uma viagem? Pode alguém que nunca saiu de seu bairro, de sua cidade, conhecer o mundo?
Eu digo que pode sim! Hoje, que podemos ver China e seus Jogos Olímpicos tão perto como se fosse um jogo no Campinho do Vila, o mundo está pequeno, tão pequeno que observar um barquinho de papel na enxurrada pode ser como navegar nas cataratas do Niágara.
Mas tudo depende... tudo depende de cada um e de como se permite ver o mundo, de como se permite viajar nas possibilidades que se apresentam ao nosso redor.
Quando eu era criança, conheci o mundo nas páginas da enciclopédia que meu pai folheava comigo, vi prédios e conheci cidades tão diferentes da minha, mas de certa forma iguais, porque naquelas cidades também passeia gente pelas calçadas. Em cada cidade do mundo, tem gente que trabalha, que vai a escola ou não vai porque a mãe ficou doente, que estuda ou que falta a aula no dia de prova, gente igual a qualquer um de nós, gente que nasce e morre, no tempo do nosso piscar de olhos.
Saber que há tanta gente assim no mundo me assombra. Saber que posso conhecê-los através da Internet, me deslumbra. Saber que há um programa de computador que me permite ver o bairro e a casa de uma menina que mora na Austrália e que ela pode ver minha casa, me dá um medo... É uma viagem sem sair do lugar... Apenas no computador da escola.
Saber que tem gente que não quer ver o mundo, me entristece. Isso mesmo, fico triste quando sei que tem gente que não consegue viajar, não porque não tem dinheiro, mas porque fechou os olhos para o mundo. Fechou os olhos, os ouvidos e todos os sentidos... Gente que ficou velho, mesmo com 13 anos. Gente que passa por mim todos os dias, ou passa por você, de olhos baixos, pensando pequeno ou pensando vazio. Ui, pensamento vazio me assusta.
Dá pra viajar sim, todo o dia quando a gente sai de casa e se permite ouvir o passarinho que cantou, a árvore que floriu, a lua que ainda aparece no céu quando o sol já ilumina. Dá pra viajar sim quando a gente lê um livro que nos transporta, quando a gente ouve o amigo contar da sua noite, quando a gente escuta o professor falar de um lugar bem longe, quando a agente vê na TV que tem gente morrendo na guerra, que descobriram mais um planeta longínquo, quando acessamos nosso Orkut e participamos de uma comunidade diferente...
Cada viajem pode nos tornar diferentes, mais interessantes, mais felizes. Um dia depois do outro, somos mesmo viajantes. E um viajante que se preza nunca fecha os olhos para nada. Nunca!
E os seus olhos estão abertos para que?

sábado, 23 de agosto de 2008

CHEGA DE FUNDO!

Sábado novamente. Chega de fundo do poço. Acho que o assunto já esgotou, né. Mesmo que, talvez, eu ainda não tenha saído completamente, já me considero na escalada. Isso, não vou saír de guindaste ou puxada. Vou escalar e chegar ao topo (quer dizer ao nível da rua) por méritos próprios e físicos. Isso significa que hoje está começando minha dieta. Hoje está começando minha sequencia de exercícios para manter minha forma (manter não, recuperar ou melhorar) e poder escalar o poço.
DIETA E EXERCÍCIOS DIA 1.
Agora todos vão ter que aguentar a sequencia de post cpm este título.
E lá vou eu....

sábado, 16 de agosto de 2008

O FUNDO - SEM EXPLICAÇÃO

Sábado!

Faz uma semana da última postagem.

Não estou escrevendo mais todo o dia, mas não esqueço! Ainda não roí minhas unhas. Ponto pra mim.

Hoje fui a feira do livro, queria trocar alguns livros na barraca da biblioteca, mas não consegui. Os livro não eram tão legais. Comprei alguns livros para as crianças também. Fico muito feliz em ver que eles adoram livros como eu.

Estou lendo "A menina que roubava livros." Estou adorando! Conta uma história sob uma perspectiva muito interessante.
quando a morte conta uma história, você tem que ler...

sábado, 9 de agosto de 2008

O FUNDO - DIA 11



Sábado, trabalhei pela manhã e passei a tarde vendo tv com as crianças. Pintei as unhas!
Não estou mais roendo!
Ainda não iniciei uma dieta.

Assim, falando, escrevendo, tomando iniciativas, parece que eu não estou mais no fundo.

Mas olhando bem de perto, de pertinho mesmo, sei que ainda não saí. Ainda me falta ânimo, desejo, vontades...

É o fundo... espalhando-se.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O FUNDO - DIA 9

Vocês podem estranhar a falta dos dia anteriores. Sei, não devia ter feito isso, mas fiz. Fiquei três dias sem escrever. Primeiro furo no meu plano de sair do poço. Deixei para escrever mais tarde e estava com muito sono. No primeiro dia só sairam bobagens então nem postei. Os outros dois dias foi o sono mesmo.
Aliás, não aguento mais tanto sono na hora de acordar para trabalhar. Tenho vontade de morrer, de me esconder, de fugir, de fazer de conta que não é comigo, de inventar uma mentira deslavada para ficar dormindo. Será que com todo mundo é assim?
Tenho feito algumas coisas mais para sair do poço, como: pintar o cabelo, não levar trabalho para casa, marcar consulta com a homeopata, não roer mais unhas, comprar roupa nova, escrever no blog, falar o que me incomoda, brincar bastate com as crianças. É importante, mas são amenidades perto de fazer dieta e escrever minhas histórias, meus livros. mas, já estou indo.... Para onde????

domingo, 3 de agosto de 2008

O FUNDO - DIA 5

Hoje foi um ótimo dia. Acordei tarde e depois saímos para visitar uma amiga da família. Usei um tempo considerável pa me arrumar e gostei do resultado. Passamos no shopping e fui me pesar: 69.4 Kg. Meu índice de IMC 25.5, ou seja, já em sobrepeso. Pela minha cara redonda já dá para ver isso.
Bom, hoje também só comi porcarias. Não fiz nada para mudar o caos do peso, mas este pont é importante. No inçio do blog, eu queria perder 10 kg, agora quero 11.4 Kg. pode-se ver que minha estratégia até agora foi furada.

Entre outras coisas que pensei hoje, estava a BELEZA.

A beleza é extremamente importante na vida das pessoas. Não a beleza comercial que nos sufoca todos os dias, uma beleza que segue tendências de moda.
A beleza em si, a beleza única de cada um. Acho mesmo que ela exista, mas como encontrá-la?
Quero me olhar no espelho e me ver bela. Seria estar mais magra, mais joven, com a pele mais lisa, sem espinhas? Qual é a minha beleza?
Hoje não vejo beleza. Vejo um rosto que pode ser belo, mas não é. Ou não está.
Não defendo aquela frase que a verdadeira beleza é a interior, mas acredito que o interior reflete e o que reflete pode ser beleza, ou não.
Também acho que cada um precisa encontrar seu caminho para a beleza, seu caminho para a serenidade, seu caminho para a vida. Seu caminho...

sábado, 2 de agosto de 2008

O FUNDO - DIA 4

Hoje ri muito com a minha querida Elaine. Não é possível ficar apática com ela. Preciso ir lá mais vezes. Escrevi um pouco mais da história infantil que estou criando. Saí com a família pra fazer compras. Comprei roupas lindas, mas que só vão ficar lindas se eu emagrecer um pouco, mas já melhoram muito o meu visual.
Hoje não estou com muita vontade de escrever... Vou dar comida para as crianças e depois deitar no colchão e ver tv com elas.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O FUNDO - DIA 3

Hoje fui ao médico. Quer dizer, fui até o convênio para pedir uma autorização para consultar com uma homeopata. Para receber esta autorização precisei consultar com um médico da clínica. Uma moça simpática, poderia ter sido minha aluna.
Saí com a autorização e mais um exame de sangue para excluir outra possíbilidades. Talvez, segundo ela, eu tenha alguma disfusão que me leve para o FUNDO. Não creio, mas vou fazer. Interessante foi a preocupação dela em me convencer, ou me explicar, que, talvez, quem sabe, eu precisase de um remedinho faixa preta. Sorri, disse o que ela queria ouvir e saí com a minha autorização para homeopatia.
Agora está chovendo! Uma chuva forte que me faz lembrar o telhado de zinco da minha infância. Como infância fica bela quando somos adultos. Não lembro de coisas ruins, só tenho lembranças de momentos ou felizes ou neutros. Inventei agora, momento neutro, lembrança neutra. Esquisito! Acho que não existe, mas não vou filosofar agora.

O terceiro dia de poço foi movimentado. Continuo sem muitas emoções. Continuo meio vazia. Neutra.

O QUE EU FIZ HOJE PARA SAIR DO POÇO?

1. Marquei depilação.
2. Marquei salão para fazer mechas no cabelo.
3. Cuidei eu mesma das minhas unhas, Não tenho coragem ainda de mostrar para manicure.
4. Olhei para o lado e vi gente pior do que eu.
5. estou escrevendo neste blog.
6. Vou iniciar uma história infantil.

O QUE EU VOU FAZER AMANHÃ?
1. Fazer depilação.
2. Brincar com as crianças.
3. Escrever, escrever, escrever...

quinta-feira, 31 de julho de 2008

O FUNDO - DIA 2

Transitei hoje pelo fundo do poço. Ninguém sabe que eu estou lá. Interessante!
Estava num seminário hoje. Cheio de gente ao redor. Quantas daquelas pessoas, que andavam, falavam, prestavam atenção, estavam no fundo do poço como eu e ninguém viu?
Será que é possível estar no fundo do poço e não saber?

Teoricamente sim. O fundo se caracteriza por uma falta de voltade de tudo e uma voracidade de coisas inúteis, como horas num joguinho de computador. Muitos desejos e ação zero igual a frustrações imensas. mas a vida de todo mundo é meio assim, né. ou eu sempre achei que fosse. então agente nem nota que está lá.

Eu posso dizer que tenho tudo o que uma pessoa precisa para ser feliz e um pouco mais. Mas não me usufruo disso, não regojizo com isso, nada. Tudo apenas está.

Então vejo que estou no fundo. Há muito tempo, talvez. Mesmo que meu lugar esteja revestido de realizações. Estou vazia!

Nada me transborda! Nada me suspira!

Para você que lê, vale pensar qual é o seu fundo? Aonde você está em relação a ele.

Até ontem eu não sabia nada disso, apenas sentia um desconforto. Estava desconfortável dentro de mim mesma. Agora eu entendo que eu não estou cabendo em mim. Estou descompassada. Estou outra. Não me conheço mais.

Quando as pessoas que eu conheço se sentem assim é hora de "tomar umas boletas", uma faxinha preta disfarçada de "ajuda". Eu ainda me nego a permitir que me amarrem dentro de mim. Se eu não estou em mim, não quero estar a força.

Claro que minha declaração não será muito aceita e muitos poderão levantar o canto dos lábios num meio sorriso de complacência com a minha falta de realidade. Tudo bem! Não estou real mesmo. Estou fora de mim.

E fora de mim quero continuar enquanto não estiver remendada. Eu digo assim porque presumo que toda quebra sempre resulta num remendo e nunca mais fica inteiro de novo. Ou será possível fundir-se outra vez? Veremos!

De toda a baboseira de hoje fica...

Não devo ser a única que está no fundo do poço, mas talvez seja uma das poucas que acredita que possa sair dele escrevendo. Sei onde estou e quero sair, ou seja, quero me encontrar ou me reinventar, ou me reconstruir...qualquer que seja a opção possível.


O QUE EU FIZ HOJE PARA SAIR DO FUNDO DO POÇO?
1. Consegui comer as balas que me deram bem devagar.
2. Brinquei um montão com os meus meninos (mesmo que ainda não seja suficiente para eles)
3. Não trabalhei em casa.
4. Escrevi neste blog!
5.Pretendo, antes de dormir, fazer uma respiração profunda, relaxar o corpo e esvaziar (mais) a mente.

O QUE EU PRETENDO FAZER AMANHÃ?
O mesmo de hoje, mais não roer as unhas.








DYLAN

O FUNDO

Onde fica mesmo o fundo do poço?
Se é assim o fundo do poço, até que não é tão feio assim.
A gente fica sozinho, a gente se sente sozinho. Aí fica mais fácil olhar pra dentro de si mesmo.
Nào sei como é que a gente chega lá, mas sei que como é estar lá. Porque o poço é meu e eu boto o fundo aonde é que eu quiser. Então botei o fundo aí memso. Aqui é o meu fundo de poço, porque não quero ir mais para baixo. Cheguei lá, no fundo. Ponto!
Agora é engraçado falar, mas, algumas horas atrás eu não achei assim tão engraçado.
Não pensem que eu já saí. Não saí ainda não, até porque é preciso ficar um pouco mais para ver como é.
O fundo do poço é vazio, precisa ser vazio. Se não for, você ainda não chegou lá. E não venha dizer que o poço é seu e você faz ele do jeito que quiser, porque essa fala é minha. e também não disse que eu fazia ele do jeito que eu quisesse, disse que colocava ele onde eu quisesse. O que é diferente.
O fundo do poço é vazio. Parece um lugar que você queria muito chegar, mas quando chega vê que não precisava ter ido, ou que ninguém queria você lá. É um lugar onde você se pergunta: Por que eu estou aqui?
Essa hora faz toda a diferença para quem está no fundo do poço? Por que eu estou aqui?

Não tem resposta. É o vazio!
Nada faz mais diferença. Nem quem nem porque...
Você está aí sozinho.
Você tá aí porque quis, ninguém te pediu.

Não! Ninguém põe você no fundo do poço. Este é um lugar que só se vai sozinho. Sào as escolhas que você fez que põe você aí. Cada dia!

Até que meu fundo é espaçoso... mas não vou querer ficar aqui mais do que o necessário. Preciso de uma corda, uma escada, um guindaste...

Cada pessoa tem a sua corda. A minha são as palavras. Comecei este blog com uma decisão! Que decisão era? EScrever....
Como não cumpri minha decisão! Cá estou eu. No fundo!

Mas não é pra dar pena, não. Nem compaixão. As palavras são meu refúgio, serào também meu fundo, meu alento e minha escada.

Este blog é mesmo de auto-ajuda!!!!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

FÉRIAS

Desde sexta-feira, estou de férias! Mesmo que diretora de escola não tenha férias de verdade, estou livre de hor[arios e tudo mais.
Saí da escola na sexta e fui com a família ao cinema. Assistimos "Viagem ao centro da terra". Bonitinho! É muito bom ir ao cinema. E é melhor ainda estar com a família.
Agora, de férias, preciso retomar a decisão da dieta. Começar logo! Minha leitura de férias etá sendo "Abusado - O dono do morro Dona Marta", do Caco Barcelos. Terrível. Uma leitura dolorosa da sociedade, da míséria, da falcatrua que é a polícia e o Estado. Pura falcatrua! Uma leitura ótima para quem precisa compreender um pouco mais do mundo.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O FRIO

No termômetro do meu computador está marcando 8 graus. Está muito frio. Estou no quarto de brincar das crianças, vendo desenho animado no Discovery Kids, com o aquecedor ligado. Toda a vez que tenho que sair do quarto o frio me pega e gela o nariz.
Quando saio pela manhã para o trabalho, o termômetro do carro tem marcado 4 ou 5 graus. Muitíssimo frio.
Nunca tive termômetros para verificar a temperatura. Parece que agora que tenho o frio gela mais. Bobagem, mas parece que o registro da coisa faz com que ela pareça pior. o termômetro continua nos 8 graus. Temperatura da rua, porque no quarto está bem quentinho.
Sempre penso nas pessoas que não tem um lugar quentinho para dormir, porque o frio dói muito.

domingo, 8 de junho de 2008

O QUE IMPORTA É O QUE NINGUÉM VÊ!

Hoje estou pensando na frase que dá título ao meu post. Nas verdades e nas inverdades que estão contidas nela. Quando digo que o que importa é o que ninguém vê, também digo que o que importa mesmo é o que se sente, o que se percebe daquilo que não se mostra, daquilo que fica nas entrelinhas. Por outro lado, aquilo que ninguém vê, fica escondido apenas para os olhares mais atentos, que são mínimos. Então, a médio prazo não serve para nada, porque ninguém vê e quem nem mesmo vê, não é capaz de sentir ou perceber...
Esse assunto brotou na minha mente como uma idéia (outra, das tantas que me invadem) a respeito do Projeto Escola Aberta. Para quem ainda não sabe, sou gestora de uma escola pública que implantou este programa do governo federal. O programa prevê abrir as escolas aos finais de semana com atividades para a comunidade.
Estamos no projeto desde fevereiro de 2006. Nestes dois anos, muita coisa aconteceu, muitas pessoas chegaram e se foram, muitas atividades deram certo outras errado. Nosso problema está agora e consolidar o programa, em fazer as pessoas verem o que não se mostra.
Tenho pensado muito nisso, muito mesmo, porque é um momento chave no processo. Nosso projeto precisa dar um passo além, ou cair na mesmisse de ser apenas um lugar que oferece o que fazer para quem não tem o que fazer, diga-se, passeios com família, atenção, compromisso, etc...
Qual será o nosso passo? Precisamos primeiro ver e sentir, nós mesmos, integrantes do projeto, aquilo que estamos contruindo por detrás do acesso a internet, da bola no pátio, do bolo que enche a barriga, dos dedos cheios de tinta... Estamos construindo sim com olhares, com sorrisos, com gestos, com palavras e ações.
Parece que nem estamos vendo o que estamos fazendo, porque estamos fazendo apenas e precisamos nos afastar para sentir. Aparentemente estou filosofando para o boi dormir, mas não é isso não!
Precisamos colocar em primeiro plano aquilo que ninguém vê. Porque o que sentimos é o que importa!!!
Vejo que o meu papael, como gestora, é transpor esta barreira entre o visível e o invisível. Será que sou capaz?

sexta-feira, 6 de junho de 2008

INSPIRAÇÃO!

Às vezes, uma idéia toma conta de mim. Me consome, me embrulha o cérebro, faz prender a respiração. Uma idéia, qualquer idéia. Quando tenho uma idéia nem durmo, nem sonho, apenas vou polindo, pensamento após pensamento.
Quando uma idéia me suspira um pedacinho de si, já não sou eu mesma, me transformo em sensação. Sinto aquela idéia como alguém sente um perfume ou um cheiro. Vejo aquela idéia como se vê uma nuvem que se forma e transforma com o vento. Ouço aquela idéia como ouço ainda o assovio do meu pai numa noite sem luz ou a chuva no telhado de zinco.
Uma idéia sempre me acrescenta mais tempo de vida, porque a idéia pulsa...
Um dia, tive uma idéia que explodiu!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

CORAGEM

Gosto muito desta palavra. Há muito tempo li um livro que se chamava "A coragem de Criar". Acho que pra viver há de se ter coragem mesmo. Mas, profundamente, talvez não saiba o que significa esta palavra e o que ela pode significar. Uso a palavra como um amuleto, como se ela mesma pudesse me transfigurar naquilo que representa.
Você também acha que a gente precisa de coragem para viver?
Platão disse a coragem é o conhecimento do que deve ser temido, do que deve ser enfrentado. A coragem seria o oposto do medo? Não sei. A coragem seria um tipo de enfrentamento do medo? Na coragem não existe medo?
Cada passo que damos deve estar mesmo cheio de coragem. Quem não tem coragem, não anda. Ou será que ficar parado é a coisa mais corajosa que se pode fazer? Coragem é um estado do ser, um estado de espírito.
Sei que coragem dá trabalho. Cansa. Talvez, por isso, muita gente não se diga corajosa. Se somos medrosos, se ficamos todo o tempo dizendo que não sabemos fazer uma coisa, antes de tudo nos desculpamos de um possível erro. Sabe, aquelas pessoas que pegam o microfone e ficam dizendo que não tem afinidade com ele. Chatisse! Que falam e a primeira coisa que dizem é que não sabem bem o que vão dizer. Acho que é preciso coragem para se diminuir em público, não é?
Existe medo, existe ansiedade, existe nervosismo. Coragem acontece naquele momento em que você fecha os olhos e vai... A coragem serve para você ir, depois que você já está lá, não precisa mais de coragem, mas sim de competência, de conhecimento.
Às vezes, estamos num lugar não pela coragem de ficar, mas pela falta de coragem de ir. Desistir também pode ser um ato de coragem.
Enfim, a coragem está em você fazer o que diz o coração. Agora, como entender seu próprio coração já é outra história, para outro dia.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

História

Fiz este texto para uma disciplina do curso de pós-graduação. Gostei muito. Acho que consegui me explicar um pouco.

"Encontrei-me numa sala de Magistério em 1988 um pouco por falta de opção, um pouco por ter ganhado uma bolsa de estudos, talvez porque minhas amigas também foram, ou quem sabe, porque me disseram que eu sairia do curso com uma profissão. De qualquer forma, terminei o curso em 1990 e em 1991 já havia passado no concurso para professora do município de Novo Hamburgo. Junto com isso, um emprego e uma liberdade financeira que eu nunca havia experimentado.
Sempre gostei de ler e de conhecer coisas diferentes. Lembro-me que eu e o meu pai passávamos horas folhando os volumes do “Saber em Cores”, sentados na cozinha, os dois, maravilhados com o mundo que mesmo estático nos levava em viagens sem fim. Minha mãe não entendia isso, mas respeitava e se orgulhava da “filha inteligente” que tinha, o que me livrava muitas vezes dos enfadonhos trabalhos domésticos, em troca da leitura dos mais diversos livros. A biblioteca do Pasqualini, austera e distante, era um refúgio para mim. Depois de certo tempo, podia entrar atrás do balcão e escolher os livros, privilégio de poucos.
Entendo que foi já nestes tempos que iniciou minha formação docente, porque não consigo ver a professora separada da Joice. A professora sempre esteve em mim, desde quando brincava de aulinha com o espelho, mesmo que eu não quisesse, por capricho adolescente, seguir a profissão. Hoje, sofro por estar fora da sala de aula, apesar de saber que aceitar o desafio de ser gestora esteja contribuindo muito para o meu crescimento pessoal.
Não me lembro de muita discussão teórica no curso de Magistério, apenas de muitas aulas sobre como fazer, como ar aulas, como ensinar. Os alunos deveriam aprender o conteúdo. Formar cidadãos críticos era também um dos nossos desafios, mas também nós não sabíamos o que era ser crítico.
Assim que fui nomeada no concurso iniciei um curso de 720 horas de Estudos Adicionais, que habilitou para o ensino de todas as disciplinas em 5ª e 6ª série. Não vou comentar este curso, porque o importante nessa época foram minhas viagens. Saia com as minhas amigas, de mochila nas costas, pra conhecer o Brasil e depois o exterior. Com certeza, isso é a parte mais consistente da minha formação, porque ampliou de uma forma inimaginável o meu horizonte. Isso me diferenciou muito das minhas colegas de escola, porque eu estava sempre cheia de mundo, e conseguia ver a realidade no qual trabalhávamos de uma maneira muito diferente. Por conta daqueles “adicionais”, comecei a dar aulas de português e matemática para turmas de 5ª série. Nunca me preocupei muito com o conteúdo que ia ensinar porque, guardada as devidas proporções, podia falar de tudo. Se precisasse, eu estudava. O que me preocupava era como construir uma relação de proximidade com esses alunos, como compreendê-los e compreender a realidade que eles viviam, às vezes, muito diferente da minha. Foi viajando que eu aprendi a sair um pouco de mim, a desconstruir esse pensamento pequeno burguês dentro qual eu havia crescido, a não me ver como o centro do mundo, mas como um elemento importante num mundo muito diverso.
Não é possível ser um bom educador se você é o “umbigo do mundo”, se você não consegue ter outros horizontes. A partir disso, é muito mais fácil e produtivo compreender o que os teóricos dizem, fazendo as mais diversas leituras e aproximando da sua prática.
Sempre fui muito determinada e quando decidi prestar vestibular na Unisinos, já havia programado até o semestre da formatura. Inicialmente, entrei em Pedagogia, mas um professor de Técnica da Composição abriu meus olhos para meu encantamento com as palavras. Minha formatura em Letras foi em dezembro de 1998, de gabinete para não perder a viajem à Machu Pichu.
Todo o meu curso foi muito prático, porque lecionava língua portuguesa para turmas de 5ª série e isso me dava uma enorme vantagem frente a meus colegas que trabalhavam em outras coisas e não conseguiam, muitas vezes, compreender as implicações na realidade do que era falado. Minha formação foi toda testada na prática, o que me faz entender melhor o valor da formação continuada em serviço.
Gosto muito de escrever e sempre procurei disseminar este gosto por onde passei. Mas, às vezes, a palavra sozinha, a língua portuguesa por si só não consegue aproximar os alunos dela. Então, sugeri na escola em que eu trabalhava a implantação de salas temáticas e junto com os alunos, construí um universo especial onde a palavra estava no centro. Poesia, Literatura Teatro, Expressão Corporal, Jornal: leitura, escrita, fala, escuta e dramatização. Tudo isso permitia que os alunos e eu pudéssemos nos aprofundar no estudo da nossa língua mãe. Aprendi muito com eles nesse tempo e, até hoje, encontro jovens que estudaram comigo nessa época e que não esquecem.
Depois, mudei de escola, resolvi trabalhar na biblioteca. Nesta escola, que por acaso é a escola da qual sou gestora, a biblioteca estava quase sempre fechada e, quando aberta tinha regras que não proporcionavam o encontro com o livro. Busquei informações sobre cadastros de livros, informatizei, abri para a comunidade, coloquei todos os livros para retirada, fiz projetos, abri durante os recreios, e tudo mais...
Em 2005, quando foi proposta pela Secretaria de Educação a eleição para diretores, fui bem votada pelas minhas colegas e resolvi aceitar este desafio. Sei que não é possível para todos os professores passar por esta experiência, mas percebo que é muito importante. Neste tempo, aprendi muito sobre políticas públicas na área da educação, sobre orçamento, sobre gerenciamento, sobre liderança e poder. O poder, que pode ser democratizado, gera apelos de todas as ordens. De um dia para o outro, eu não era mais eu, era a diretora. Sem falar na responsabilidade que isso traz.
Pessoalmente, a direção da escola fez uma grande diferença no meu pensamento. Antes, eu era só sala de aula, alienada das questões cruciais da nossa educação. Hoje, percebo que tudo está interligado, o que se faz e o que não se faz em educação marcam os caminhos do nosso país. Precisamos de metas pare seguir, e estas metas não são só do país, da escola pública, da nossa pequena escola, mas também pessoais. Participar disso faz parte da nossa condição de educadores.
Formação Continuada não é só participar de cursos e palestras, mas é conseguir discutir de uma forma crítica o que é visto e poder reconstruir sempre sua prática. A sala de aula, ou a direção da escola agora, é um espaço de formação por excelência daquele professor que pensa sua prática, ou seja, cada dia é um contém um aprendizado, basta olhar."

domingo, 6 de abril de 2008

TEMPO PRA GENTE

Quero tirar um tempo para mim, mas como faço isso? Porque cada tempo que eu tiro, faz falta em algum outro lugar.
Parece muito fácil falar: "Tire um tempo para você!"
Mas tirar tempo de onde? O dia só tem 24 horas. Agora mesmo, tirei um tempo para escrever no blog. Tirei da onde? Tirei do meu sono, ou do tempo de ver tv com meu filho, ou do banho mais demorado, ou, ou, ou... Sempre que se tira, fica faltando.
Acho que preciso falar diferente. Vou ganhar um tempo para mim. Como é que se ganha um tempo?

TEMPO

tempo que não se ganha nem se perde
tempo que não se acha nem se esquece
tempo que não para
tempo que não se sente

ao olhar pra trás
nada posso ver
só lembrar
ao olhar pra frente
nada posso ver
só adivinhar
o tempo só mostra agora


tempo

domingo, 30 de março de 2008

REFLEXÕES SOBRE A VIDA

Ando um pouco triste nos últimos dias. A notícia de que um menino de 16 anos teria confessado 6 assassinatos aqui na minha cidade, me deixou com um peso no coração.
Para mim, dar aulas é um prazer. Dou aulas de português, de literatura, de poesia. Gosto de fazer as crianças entenderem a lingua como uma coisa viva, as palavras pulsantes no universo do nosso pensamento.
E daí! O que isso faz de diferença na vida de alguém? Teria feito na vida desse menino? Eu teria percebido essa "tendência homicida"? Ele teria se contaminado pela poesia e entendido que não dá para sair matando as pessoas por aí. Ou teria matado a si mesmo? Sei lá!
Se eu fosse mãe dele? Teria feito algo quando fiquei sabendo do seu primeiro homicídio? Como eu traria ele para perto de mim? Como é que eu trago meus filhos para perto de mim? O que eu faria se ele matasse um filho meu?
Nossa vida não acontece de repente. Vamos fazendo ela a cada dia que vivemos, vamos tecendo nosso futuro com as escolhas que fazemos diariamente. Parece clichê, mas é verdade. Não se acorda num dia ensolarado pela manhã e mata o primeiro que te encarar. Tudo ficou pronto antes, o agora é só reflexo. Nos olhamos no espelho não para nos vermos hoje, mas para prepararmos o amanhã.
Tenho dois filhos lindos que estão agora regando sua vida. Como fazer isso? Como ajudar para que eles consigam preparar bem o terreno, ter boas sementes e cuidar bem dos brotos? Quando o amor basta?
Parece que o amor só basta quando é dividido e se multiplica. Quando é espalhado e não se guarda em si mesmo. Outro dia eu já falava que não se pode sentir o sentimento do outro, então, é preciso falar, espalhar o amor em palavras gentis, em carinhos, em olhares afetuosos e seguros. Amor não se pode esperar, porque não vem de graça.
O que será que esse menino tem dentro dele? O que ele vê quando se olha no espelho? Parece que ele age como se o mundo devesse algo a ele. Mas, quem não tiver nada para dar, também não receberá nada.
Não consigo deixar de pensar nisso com tristesa, porque não temos que nos preparar para a vida. temos que prepara a nossa vida, com muito carinho e cuidado. É isso que tenho que fazer com os meus filhos: ajudá-los a cultivar a vida.

domingo, 16 de março de 2008

PACTOS

Quem controla quando fazemos pactos com a gente mesmo? Todo mundo já prometeu alguma coisa para si mesmo em alguma época da sua vida. Cumpriu? Se não cumpriu, esqueceu? Não dá pra esquecer aquilo que a gente promete pra si mesmo, mas dá pra enrolar... e enrolando, lá vai a gente ladeira a baixo.
Ui!!! auto-ajuda das boas....
Vamos curtir um poema saído agora dor forno pra relaxar.

AUTOCONHECIMENTO

quem se conhece não se estranha
não se estranha que chore
que grite
que palavreie verdades

quem se conhece
precisa permitir perder-se
porque só se acha
quem um dia foi ao léu

dói mais entregar-se a si mesmo
do que ao outro
o outro nunca atravessa
a gente... está dentro!


quarta-feira, 12 de março de 2008

PREGUIÇA

Não posso acreditar que a preguiça tenha me pego outra vez. Não estou mais fazendo ginástica. Cada dia, invento uma desculpa esfarrapada, que falo para mim mesma, apenas em pensamento, porque em voz alta nem eu mesma acreditaria. Assim vou indo... E a minha decisão? Deixa pra depois!
Não pode ser preguiça. Deve ser outra coisa disfarçada dela, uma síndrome, um distúrbio, uma fobia, sei lá. Preguiça pura, purinha, não. Modernamente falando, acho que tenho que fazer terapia para me livrar dela. Depois de anos de psicanálise, ficarei mais magra? Com certeza, mais pobre, porque o convênio não cobre...
Quantas calorias se gasta digitando um texto? E ficar na rede lendo, vale como exercício?
Meu marido não fala mais nada, mas ainda ecoa em mim: "eu quero é prova..."
Ficamos aí...

terça-feira, 11 de março de 2008

SACANAGEM

O que é sacanagem? Não estou falando que vocês estão pensando, mesmo que eu não saiba, imagino... Estou falando de uma outra coisa que anda me deixando louca!
Quando a gente faz tudo direitinho e do outro lado, qualquer outro lado, alguém acha de não te dar a devida atenção. Sacanagem!
Isso me incomoda muito, porque o mundo gira pra todo mundo, né? Todo mundo respira o mesmo ar e anda na mesma terra. Porque tem gente que fica de sacanagem? Tem vezes que a gente se acha um perfeito idiota, fazendo tudo certinho. Aí dá uma raiva...
Mas eu reclamo... brigo, denuncio, questiono... Detesto que fiquem de sacanagem comigo. Mesmo assim, me aparece cada uma... Não quero perder a fé nas pessoas, mas já estou começando a perder a fé nas instituições.
Desde 2006, procuro o Conselho Tutelar da minha cidade para resolver um problema. Acreditei que eles poderiam fazer alguma coisa. Até hoje, estou esperando. E não esperei quieta não, liguei, fui lá, liguei de novo, falei com a presidente do conselho e nada.
Tão de sacanagem comigo!!

domingo, 2 de março de 2008

O QUE OS OUTROS FALAM

Um dia ouvi uma pessoa falar
“A Joice que é uma esposa legal, não reclama de nada.” Fiquei surpresa com tanta coisa nessa frase que tive que rir. Podemos dizer que permitiu uma reflexão importante e profunda sobre a minha vida, muitíssimo além do que o autor da frase poderia imaginar.
Primeiro, fui comparada a outras “esposas” que deveriam ser muito chatas. Depois, acho que fui comparada a um modelo ideal de “boa esposa”. Se é que existe esse modelo, ou talvez, cada cultura tenha o seu.
Na hora, minha resposta foi: “Para se ter uma boa esposa é preciso ser um bom marido.” Nada pode ser avaliado apenas de um ângulo, porque a estrada não é uma via de mão única. Tudo faz parte de um conjunto de peças que vão se encaixando à medida que a gente anda. Quando não se encaixa, é preciso que todas as partes possam trabalhar para que isso funcione. No caso, o marido e a esposa.
Outra coisa interessante, foi a sensação de que sempre vamos ter alguém espiando nossa vida e dando opinião sem ser chamado. E como isso acontece! Desde pequenos comentários sobre a roupa ou o jeito de andar até conclusões maldosas a respeito do caráter de alguém a partir da hora eu se viu o dito sair de casa.
E assim vamos levando a vida, a nossa e a dos outros... principalmente a dos outros.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

GINÁSTICA

Que coisa! Queria fazer ginástica, mas ginástica cansa... Então resolvi escrever no blog. De certa forma também cansa, né! Ter que organizar o pensamento em forma de palavra não é fácil. Mesmo que eu diga para todo mundo que escrever é fácil. Digo isso para não desanimar ninguém, porque quero vender meu peixe, sou professora de português.
Para escrever não basta conhecer as palavras, é preciso se conhecer também, permitir que as palavras escorreguem e se larguem no papel. Todo texto desvenda um pouco da gente, mesmo que seja um texto impessoal. A escrita nunca é impessoal. Pena que escrever não emagrece!

PRIMEIRO DIA

O que diz esse olhar
que eu não consigo ler
quem se esconde detrás
desse meio sorriso
esperando descoberta?

cada um é um mistério
tão profundo quanto o meu
se não me revelo
também não descubro

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

INSPIRAÇÃO

Hoje posso dizer que a vida me inspira. Estou feliz! Continuo sem saber muito bem porque, mas estou feliz. Estou escrevendo. Isso me faz mais feliz ainda.
Quase não consigo mais me lembrar de como estava estressada no final do ano passado. Hoje estou leve, e pretendo ficar assim até o final do ano.

VIAGENS

I
o mundo que se conhece
pelo ar que entra nos pulmões
fica como suspiro dentro da gente

não são esquinas que deixam saudade
nem pessoas, nem palavras
são cheiros de dias
e aromas de paisagens

II
meus passos na areia
que o vento preenche
fazem parte da minha memória
a agua apaga o que passou
e refresca meu futuro

III
não há melhor remédio que paisagem
decongestiona a alma
e cura tudo
principalmente falta de tempo
porque horizonte pega

carrego tanto horizonte em mim
que enxergo sempre antes

IV
aprendi todas as lições do vento
mas não sei ensinar
a brisa que se calou em mim

domingo, 17 de fevereiro de 2008

PROFESSOR

Sou professora!

Atualmente, exerço um cargo de diretora de escola. Não é a mesma coisa. Aliás, é outra coisa totalmente diferente, não chega nem perto de estar na sala de aula. Teoricamente, tem mais status na carreira docente, muitos consideram um degrau superior. Eu não.

Sinto muita saudade da sala de aula e espero voltar para lá. Tem gente que acha um retrocesso, que depois de ter tido um cargo administrativo, considera voltar para a sala de aula como castigo ou derrota. É uma experiência importante, como todas são. Dá possibilidade de ver a educação pelo lado mais político, mais técnico, mas não é uma tarefa mais importante que a sala de aula.

Outro dia estava na praia, curtindo um sol e fui chamada para um papo pela visinha de guarda-sol. Conversa vem, conversa vai...O assunto se voltou para trabalho, profissão. Tive que ouvir que, se eu quisesse, poderia "fazer um cursinho" como tantos que tem por aí e dar aula na faculdade. Ou será que eu já não estava acomodada?

Não gostei muito da afirmação que estava escondida naquela pergunta. Não estudar, não pesquisar, pode denotar acomodação, mas dar aula no ensino fundamental não. É aí que devem estar os melhores professores, principalmente nas séries iniciais, como a alfabetização.

Terminei a conversa e fiquei pensando nisso. Poderia ter feito um mestrado logo depois da faculdade mas não consegui achar nenhum que me interessasse. Porque queria um que pudesse me fazer pensar o trabalho docente, aquilo que eu fazia na sala de aula e as opções eram muito distantes, muito teóricas.

Vejo um preconceito muito grande a respeito de algumas opções das pessoas. Lecionar no ensino fundamental é uma opção minha, não é porque eu sou burra e não sirvo para a academia. essa é uma decisão consciente, uma decisão que não está em dúvida. Talvez seja minha certeza.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

FILHOS

Tenho dois filhos. Lindos, inteligentes, ativos (muito), carinhosos, e tudo mais que uma mãe poderia querer. Dão muito mais prazer do que trabalho. Mas tem um momento em especial que não posso deixar de sentir uma “raiva” imensa. Quando quero sinto sono, lá pelas 5 da manhã, quando eles chamam e eu sei que não vou mais poder dormir, nem um minutinho porque tenh0 que trabalhar. Ser mãe combina com raiva?

Muito tempo fiquei pensando nisso! Não sinto raiva deles, entendo que eles não fazem de propósito, que é assim mesmo, e tudo mais... Isso conscientemente. Mas lá no fundinho de mim, uma raiva, misturada com tristeza se levanta e eu não posso deixar de sentir. Eu tento racionalizar, mas ela não se racionaliza, é animal mesmo.

Às vezes, é tão forte que parece ódio. Quando sinto isso, lembro sempre do meu pai que dizia: Não fala ódio, é raiva, porque ódio é uma coisa muito forte. Ódio não passa.” Para mim parecia apenas uma questão de definição, uma palavra não mudaria o que eu sentia. Depois fui aprendendo o sentido da palavras e percebi que definições não explicam o que a gente sente.

Sentimento nenhum pode ser definido. Como explicar o amor que eu sinto pelos meus filhos? Como explicar a raiva/ódio que se instaura em mim por uma coisa tão simples como a falta de sono? Por isso escrevo, para chegar perto das definições e por isso que as pessoas sempre vão escrever. Sabemos que não dá pra definir os sentimentos, mas não paramos de tentar, porque parar seria cair no lugar comum, seria como não dar valor ao sentimento.

A gente fala das coisas porque precisa mostrar valor. Se eu amo e não digo que amo a outra pessoa pode achar que eu não amo mais, porque ela não pode sentir o que eu sinto. Ninguém pode sentir o que vai no coração do outro. Então o outro precisa explicar o inexplicável.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

EMAGRECER

Eu quero emagrecer 10 kg até o próximo verão! Tempo demais? Pode ser que seja, mas não estou contando o tempo pelo calendário comum. Meu tempo está contado pelas estações. O verão é tempo de viajar. Quero viajar bem magrinha, para poder entrar bem linda num biquíni de amarrar.

Muita gente me olha e diz que eu não estou gorda! Dizem isso porque não me vêem nua, na frente do espelho, sem photoshop. Não quero ser anoréxica, só elegante. Quero caber numa blusa justa sem que ela fique estufada no abdômen. Será que vai dar?

Fiz uma extravagância hoje. Comprei um kit para fazer exercícios pela Internet. Estou morrendo de rir de mim mesma. Meu marido vai dizer: “eu quero é prova!” bom, eu não tenho que provar nada pra ele, graças a Deus! Mas ele vai falar assim mesmo, mesmo sabendo que eu não ligo. É até bom eu ele fale pra depois dobrar a língua na minha nova silueta.

É difícil emagrecer? Já emagreci, engordei, emagreci... fiquei grávida amamentei, emagreci, engordei, fiquei grávida, perdi o bebê, engordei, engordei, emagreci, fiquei grávida, amamentei, emagreci, engordei... e por aí vai. Acho que esse vai e vem é meio natural em mim, na gente, É?

Não estou encarando isso como uma batalha, mas como um pequeno desafio entre tantos que me propus depois da minha decisão. Não esqueçam que eu tomei uma decisão que ainda não tenho clara qual foi, mas já está dando resultado. Estou escrevendo!

Gostei que minha decisão fosse assim anônima. Desse jeito posso me preocupar com outras coisas e não fico fissurada nela. Quando ela quiser, se revela!

AUTO AJUDA

Estou escrevendo para me auto ajudar. Escrever ajuda a organizar o pensamento, mas precisa de tempo. Até o ano passado eu não tinha tempo para nada. Trabalho, filhos, Pós-graduação. Não tinha tempo para cabelereiro, manicure, academia, shopping, leitura,quanto mais para escrever. Aí, não escrevia nada. Agora, decidi que vou ter tempo, porque tempo é psicológico. A gente é que faz o tempo, basta apenas não ligar para ele, não deixar se dominar por ele. Isso é teoria, a prática estou começando a testar agora.

Digamos que o tempo é uma utopia. Nunca dá pra ter tempo suficiente, porque quanto mais tempo, mais desejos. Você fica preocupado com o tempo que está passando, com o que tem de ser feito ainda e sai de onde você esta, se transporta para o futuro, para o que ainda há de ser feito. Não aproveita o agora. Não dá pra controlar o tempo, então vou controlar meus desejos. Desejar uma coisa de cada vez. Colocar-me inteira em tudo o que faço. Clichê, né? Mas pode funcionar.

Fiquei pensando nessa coisa de tempo quando estava na beira do mar. O tempo passava tão devagar... o sol fazia o seu movimento quase com preguiça. Era o movimento do sol que interessava, não o relógio. Porque o relógio, com esse horário de verão, não dá para confiar.

Mas você deve estar pensando no que consiste esta minha auto-ajuda. Não tem livro de auto-ajuda aos montes por aí? Então, pronto! Estou escrevendo um livro de auto-ajuda para mim, mas como sou “bondosa”, creio que posso ceder espaço para quem precisar de auto-ajuda. Entendam bem, eu não ajudo ninguém, cada um que auto-ajude a si mesmo, enquanto escreve, enquanto lê, enquanto pensa. Qualquer contribuição a respeito é bem vinda! Assim, quando a gente ajuda a si mesmo pode estar ajudando aos outros sem nem saber.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Tomei uma decisão!

Interessante como as coisas vão se construindo dentro de mim. Demoro um tempão para começar alguma coisa. Desde que me conheço gente (olhe que já faz um tempão), gosto de escrever. Gosto mesmo, mas dá um trabalhão. Precisa pegar papel, lápis, achar um lugar, e dai… o pensamento que eu queria escrever já tinha se ido. Então, não escrevi mais… por muito tempo.

Hoje, tomei esta decisão. Acontece que a decisão não é escrever… escrever está sendo conseqüência. A decisão é emagrecer! Quer dizer, emagrecer acho que também é conseqüência. A decisão é ser feliz! Não que eu não seja, mas ser mais feliz, ser mais eu, ser mais mulher. E toda mulher quer ser magra. Parece óbvio isso, né! Ou será que não? Bom, vou deixar essa divagação para outra hora, porque o assunto era outro.

Tomei uma decisão. O problema é que não sei ao certo que decisão foi. Não é para rir! É sério! Está tudo decidido dentro de mim, mas eu não consigo verbalizar. E sei que é uma decisão, porque dá pra sentir dentro de mim. Sempre tive esse problema, não consigo por pra fora. Posso ler francês, Inglês, espanhol, italiano, mas falar... Neca! Nem um som sai da minha boca. Se alguém falar comigo, posso até entender, posso ouvir a resposta no meu cérebro, mas falar... falar não dá.

Acho que alguém pode estar pensando que hoje é primeiro do ano. Não é não. Já é fevereiro. Pode esquecer essa coisa de resolução de ano novo. Quer dizer, pode até ser, porque apenas na semana passada voltei para casa das férias.

Viajei muito. Viajar tem esse lado de instigar a pessoa a rever sua vida. Sinto o reflexo de uma viajem de férias até no final do ano. E nem foi uma viajem sozinha ou de farra. Foi com marido, filhos e agregados encontrados pelo caminho. Sair de casa é quase como sair do corpo, sair de uma casca, sair de circulação. A gente se vê diferente.

Não fazia uma viajem dessas desde que nasceu meu primeiro filho, sete anos. Tirei férias, sim, mas não tanto tempo, nem desse jeito. Viajamos pelo Brasil de carro. Aconselho a viajar de carro. Quer dizer, não aconselho porque se conselho fosse bom, né... Nem me responsabilizo por decisão de ninguém. Mas viajar de carro é contemplativo, cheio de silêncios cobertos de paisagens, de horizontes. Isso faz bem, mexe com qualquer um.

A decisão veio desse tempo de contemplação de mim mesma. Vou por pra fora. Vou extrapolar... O que e como não sei ainda, mas parece que essa e a minha decisão.