segunda-feira, 26 de abril de 2010

A dor

I

Dói demais o pensamento

dor que angustia

que embaça

nem passa quando dorme

dor formigueiro

dor inquietação

só se modifica.

II

Dor de amor tem cura

música, poesia e aspirina.

água na cabeça

ar dentro do peito

e suspiro...

III

Alma não dói, se purifica.

Não se perde, nem se acha

nem se encontra.

A alma está.

IV

O corpo não dói, trabalha.

Dor do corpo é ilusão

pois o corpo não existe

ou não deveria...

O corpo é mensageiro.

V

O que dói mesmo é pensamento

que amanhece na gente.

Pensamento preso

engasgado

entalado

Precisa liberdade

pro pensamento acontecer,

porque pensamento transforma.

Um comentário:

Marina Yasmin disse...

Professora Joice!

Aqui quem escreve é a Marina, irmã da Muriel, filha da Dani, enfim, tua aluna de muitos anos atrás. Gostei do teu poema. Ficou muito bonito, verdadeiro e expressivo. Todo mundo sente as dores que se chegam na gente e (às vezes) se vão, mas ter sensibilidade e habilidade pra transformar em poesia, pra transcrever o abstrato... Isso sim requer uma alma cintilante!
Te admiro muito! Nunca deixo de lembrar da mulher que me fez descobrir poesia em mim quando eu nem sabia o que era poesia.
Um grande beijo!